A cidade está mais fria que o habitual. O movimento de corpos buscando a sobrevivência ou a morte que lhes foi imposta não cessa.
Saudades de um amigo.
Encontro afago no cigarro e chocolate da noite, na calabresa com fritas do almoço, e no café contínuo da tarde que me mantém trabalhando.
Saudades do meu amor.
O sadomasoquismo disfarçado de preocupação em me manter informado me faz assistir a todos os telejornais. Brutais. Seja pelo fato reportado ou pelo omitido, tanto faz.
Saudades de um riso.
Me afogo nas redes sociais, que repercutem o falado nos jornais, pouco ou nada mais, enquanto um ou outro meme me distrai.
Saudades do quê mais?
Em meio a isso tudo encontro uma luz, a certeza que sozinho nada se faz, nossas vidas nunca foram normais, só há saída no coletivo e vivemos hoje a repercussão lá de trás.
Saudades? Não mais.