Reflexão pandêmica

A cidade está mais fria que o habitual. O movimento de corpos buscando a sobrevivência ou a morte que lhes foi imposta não cessa.

Saudades de um amigo.

Encontro afago no cigarro e chocolate da noite, na calabresa com fritas do almoço, e no café contínuo da tarde que me mantém trabalhando.

Saudades do meu amor.

O sadomasoquismo disfarçado de preocupação em me manter informado me faz assistir a todos os telejornais. Brutais. Seja pelo fato reportado ou pelo omitido, tanto faz.

Saudades de um riso.

Me afogo nas redes sociais, que repercutem o falado nos jornais, pouco ou nada mais, enquanto um ou outro meme me distrai.

Saudades do quê mais?

Em meio a isso tudo encontro uma luz, a certeza que sozinho nada se faz, nossas vidas nunca foram normais, só há saída no coletivo e vivemos hoje a repercussão lá de trás.

Saudades? Não mais.

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