Allyson

  • Flow Launcher

    Recentemente conheci o Flow Launcher, que como seu nome sugere, é um launcher, um app que gerencia a inicialização de outros. Certo, mas para quê isso serve?

    Para iniciar apps no Windows, você já dispõe de alguns métodos oferecidos pelo sistema operacional, afinal esta é uma de suas funções básica. Você pode, por exemplo, ir até a pasta em que o executável do programa está instalado e clicar duas vezes em seu ícone, embora o mais comum é que você tenha atalhos na barra de tarefas, área de trabalho, ou no menu iniciar.

    Além disso o menu iniciar possui uma barra de pesquisa, que apresenta resultados de acordo com o termo pesquisado. Eu particularmente usava muito esse método, utilizando o atalho ctrl + windows para abrir o menu iniciar e então pesquisar pelo programa desejado.

    Certo, mas então se há tantos métodos, e uma tão rápida como a busca do menu iniciar, para iniciar programas, por que utilizar um app? Na verdade não há nenhuma necessidade, mas o Flow tem alguns recursos que talvez possam te interessar.

    O Flow Launcher, quando acionado, abre uma janela de comando sobre todas as janelas do seu ambiente. Por padrão o atalho de acionamento é alt + espaço, mas você pode configurar para o que quiser. Essa janela pode ser utilizada tanto para pesquisar programas a serem executados, como para buscar pastas e arquivos. Até então, nada que a pesquisa do menu iniciar não faça, entretanto os resultados do Flow costumam ser mais precisos.

    Além disso, o Flow têm uma série de plugins que podem expandir suas funcionalidades, permitindo que você faça coisas como executar comandos do prompt, gerenciar eventos no Google Calendar, traduzir palavras, pesquisar e iniciar jogos da sua biblioteca Steam, realizar operações matemáticas dentre outras coisas. Também é possível, para quem quer se aventurar com código, escrever seus próprios plugins com C# (linguagem nativa do app), Python ou TypeScript.

    Em resumo, é uma adição interessante com alguns recursos legais que podem ser úteis para seu dia a dia.

  • WordPress como um agregador de feed RSS

    Para quem não é familiarizado, um web feed, ou só feed, é um método de transmissão de conteúdo entre sistemas. É utilizado principalmente para conteúdos atualizados frequentemente, portais de notícias e blogs. RSS (Really Simple Syndication) é um dos padrões mais adotados para esse tipo de comunicação.

    Em outras palavras, você quer ler as últimas notícias do blog do WordPress.org mas não quer abrir o site? Com um agregador (ou leitor) de feeds, você pode assinar o feed de qualquer site que disponibilize. Ou seja, se inscrever ou desinscrever depende só de você e seu agregador, nada de enviar e-mails de inscrição, como em newsletters.

    Eu comecei a utilizar feeds em 2016/2017, depois de muito tempo que eu já tinha ouvido falar na tecnologia. Na época minha sensação de estar desinformado, alienado, represado no cercadinho do Facebook, rede social que eu mais utilizava até então, me empurrou a buscar alternativas. Comecei a utilizar, e uso até hoje, o Feedly, como meu agregador. Então pensei, será que não daria para fazer um agregador de feed no WordPress? No que a @Anyssa me elucidou: “O WordPress já não faz isso?”

    O WordPress já possui o bloco de feed rss, basta preencher o endereço do feed, especificar outros parâmetros, como a quantidade de notícias, e pronto.

    Com isso uma prévia das notícias do feed serão exibidas na página, como podem ver a seguir, onde configurei o consumo do feed do blog do WordPress:

    • por Andre Ribeiro
      O WordPress 6.8.1 já está disponível, trazendo correções para 15 erros em todo o núcleo e editor de blocos.
    • por Andre Ribeiro
      Saudações ao WordPress 6.8, que melhora e refina as ferramentas que você usa todos os dias, tornando seu site mais rápido, mais seguro e mais fácil de gerenciar.

    Claro que isso é bastante básico, agregadores de fato, têm geralmente outros recursos, como ler a notícia toda sem ter de acessar o site, marcar lidos, etiquetas e etc. Porém eu fiz um estudo e melhorei um pouco essa ideia usando um bloco de accordion/collapse para separar os feeds. Vejam o resultado em Feeds.

  • Sempre tenha a sua plataforma – Divagações sobre software livre

    (•_•)
    <)    )╯  Always
    /    \\
    
    \\(•_•)
    (    (>   Own
    /    \\
    
    (•_•)
    <)    )>  Your Platform
    /    \\

    “Sempre tenha a sua plataforma”. Será que é tão simples?

    Big techs, plataformas, software como serviço e afins

    Provavelmente, quem nasceu nos anos 2000, já encontrou uma internet dominada pelas big techs, com suas plataformas, propriedades privadas que constroem muros entre seus usuários e a “internet lá fora”.

    Redes sociais, serviços de streaming de vídeo e música, ferramentas de escritório e todo o tipo de ferramenta profissional, tudo virou um serviço. Um serviço que as vezes se traveste de aberto, usando porções de código open source, caindo nas graças dos devs desavisados.

    Da perspectiva dos usuários, tais serviços são extremamente atrativos, muitas vezes gratuitos, já dominam o mercado e sejamos honestos, por vezes muito mais práticos. Por exemplo, a maioria das pessoas não quer utilizar uma rede social em que as pessoas ainda não estão lá (é contraditório), ou um editor de texto que não está na nuvem com edição colaborativa.

    As empresas? Estas já estão habituadas à lógica do mercado, relação cliente/consumidor: “se quero usar serviço x, é natural que eu use uma plataforma e pague por isso.” (nem que seja com seus dados). Outras podem se preocupar, mas muitas vezes abdicar de certos serviços que amadureceram por anos de investimentos e força de trabalho de dezenas, centenas de trabalhadores, pode ser uma desvantagem estratégica significativa.

    Tenha a sua plataforma

    Não consegui encontrar as origens desse mantra, mas sei que no início dos anos 2010, alguns profissionais de marketing digital e desenvolvedores começavam a falar mais sobre isso. Basicamente o termo alerta para a importância de você ter sua plataforma, principalmente de produção de conteúdo, um site com domínio próprio, com um software auto-hospedado (em geral um software livre) que te garanta autonomia. Se você tem uma conta em uma rede social, ou mesmo em uma plataforma de criação de sites, você estaria em um espaço “alugado” (ainda que você não pague em dinheiro).

    Coincidentemente foi nesse mesmo período plataformas como o Facebook ganhavam tração mundial, e seu recurso de páginas corporativas fez com que algumas empresas até abandonassem o seu próprio site e apontassem seus domínio para a fanpage do face (caso da agência África que, aposto que alguém não quis dar o braço a torcer, continuam assim até hoje).

    Na sequência, na segunda metade da década, com a ascensão do Medium, muitos produtores de conteúdo começaram a migrar para lá, até mesmo jornais começaram a publicar na plataforma, isso trouxe mais um sinal vermelho para que profissionais da internet mais engajados vociferassem o bordão.

    E hoje em uma ou outra conversa pode-se ver alguém trazendo o assunto a tona de forma dispersa. O desenvolvedor Sean Blanda criou um site no domínio http://www.alwaysownyourplatform.com/ como forma de divulgar o tema e listar algumas matérias que apontam para essa motivação, na mesma linha existem os DeleteFacebook.com, DeleteInstagram.com, para citar alguns.

    Ter sua plataforma pode não ser tão simples

    Você pode dizer que existem sim diversos projetos de software livre, que há alternativas, porém os projetos patinam quanto a um modelo sustentável de financiamento. E assim o abismo entre as ferramentas dominantes e suas alternativas parece aumentar.

    Há anos tento procurar uma solução de CRM livre, para citar um exemplo. Há opções, mas estão muito aquém do que as empresas privadas alcançaram. Eu poderia desenvolver a minha própria, e caso não fosse um programador, contratar alguém, mas em ambos os casos, quanto seria o custo para ficar tão bom quantos as plataformas disponíveis? Vamos falar de outro exemplo: e-commerce. Primeiro você tem os marketplaces, que concentram a maior ‘’praça” de consumidores, depois vêm uma gama de plataformas proprietárias que trocam praticidade por uma fatia de seu faturamento. E isso funciona, no curto prazo as plataformas são sim mais viáveis, imagine, contratar um profissional para implantar uma solução própria, em um servidor próprio, dar manutenção, pode ser custoso e complexo para pequenos empreendedores.

    Bradar “Sempre tenha a sua plataforma” (Always own your platform) não é suficiente, e para a maioria das pessoa, algo difícil, tanto de assimilar como de por em prática. O que nos resta, crer que não há solução?

    Siga o dinheiro

    Observo contradições entre software livre e capitalismo, contradições estas que produzem coisas estranhas, como uma lógica meritocrática de contribuição, software livre que só existe pelo financiamento de uma grande corporação privada, governança por “ditadores benevolentes”, projetos mantidos por um ou dois indivíduos e usado por milhares de empresas que sequer contribuem financeiramente com os mantenedores, dentre outras coisas.

    As empresas, percebendo o perigo, começam a se mexer em iniciativas para garantir o mínimo para que alguns projetos dos quais elas dependem, se mantenha de pé. Um exemplo é a linguagem PHP, mantida até então por contribuidores sem um financiamento centralizado, com um bus factor de duas pessoas – ou seja, se duas pessoas acordassem e decidissem fazer outra coisa da vida delas, ou fossem atingidas por um ônibus, a linguagem estaria em problemas para se manter. A partir da iniciativa de empresas como JetBrains, Automattic, dentre outras, teve recentemente uma fundação criada, a PHP Foundation, para arrecadação de fundos e promoção da manutenção e evolução da linguagem.

    Mas porque digo que elas garantem o mínimo? Veja, a maior contribuição de todas é da JetBrains, $100,000/ano, em seguida vêm contribuições de $25,000/ano (Acquia, Automattic, Livesport). A média salarial de developer nos EUA, pelo Glassdoor (21/03/2022) é de $97,000/ano. Ou seja, a maioria das empresas com centenas, milhares de funcionários, não contribuem sequer com o salário anual médio de uma pessoa de desenvolvimento. E nem entramos no mérito ainda de que muitos projetos têm um grau de complexidade elevado, que as pessoas que atuem neles têm no mercado oportunidades de ter salários maiores que a média.

    Quando você usa React, você está utilizando a biblioteca front-end criada e mantida pelo Facebook (ou Meta); quando você escreve no Medium ou no Dev.to, você está utilizando a plataforma destas empresas; usando o Android, você está utilizando o sistema operacional criado a mantido pelo Google; ao usar o Firefox, você está utilizando o navegador criado e mantido pela Mozilla Foundation; ao usar a biblioteca curl, você está utilizando um código que foi majoritariamente mantido por um único indivíduo por mais de 20 anos com os próprios recursos.

    É importante estar ciente de como um projeto é mantido, pois isso pode dizer muitos sobre suas intenções. Facebook criou o React por uma necessidade técnica? Sim, mas melhor ainda se puderem se beneficiar ao máximo disso, seja dominando o mercado e garantindo que milhões a conheçam para que tenha facilmente pessoas para reposição em seus postos de trabalho, ou então alterando sua licença para torná-lo um software privado, talvez.

    Um episódio interessante foi a discussão sobre o uso de React no WordPress, em 2017, que culminou em mudanças na licença da biblioteca para que o time do WordPress continuasse a utilizá-la: https://ma.tt/2017/09/facebook-dropping-patent-clause/

    Liberdade

    Precisamos ter consciência do software que consumimos, como meio de lazer, como ferramenta de trabalho, mas muito menos por um suposto “consumo consciente”, mas por um entendimento do cenário que nos está apresentado. Como um software pode ser livre, com a dependência financeira de grandes corporações, submetido a seus interesses? Claro que se me perguntarem, eu direi, sem receios: “Sempre tenha a sua plataforma”, mas não o farei achando que é fácil ou a solução.

    As quatro liberdades fundamentais do software livre, listadas no site da Free Software Foundation, que copio aqui, são:

    • A liberdade de executar o programa como você desejar, para qualquer propósito (liberdade 0).
    • A liberdade de estudar como o programa funciona, e adaptá-lo às suas necessidades (liberdade 1). Para tanto, acesso ao código-fonte é um pré-requisito.
    • A liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa ajudar outros (liberdade 2).
    • A liberdade de distribuir cópias de suas versões modificadas a outros (liberdade 3). Desta forma, você pode dar a toda comunidade a chance de beneficiar de suas mudanças. Para tanto, acesso ao código-fonte é um pré-requisito.

    Percebam que elas focam na perspectiva de uso do software a partir dele pronto, mas sem dúvida definem diretrizes essenciais para um software livre. Talvez precisemos de algo voltado para o modo de produção, que entenda que software verdadeiramente livre precisaria estar desvinculado dos interesses corporativos e garantir que os trabalhadores que os produzem, do mundo todo, não somente os do primeiro mundo, tenham condições de exercer tais liberdades, para que elas sejam, de fato, concretas.

  • State of the Word 2021 – Minhas anotações sobre a palestra

    Aviso: o texto a seguir foi escrito originalmente como um fio no Twitter.

    O State of the Word é o nome da apresentação que o co-criador e líder do projeto do @WordPress, Matt Mullenweg, realiza anualmente para apresentar os progressões e projeções futuras do software.

    Transmitido ontem, eu acompanhei e vou compartilhar um pouco do que vi.

    Openverse

    O projeto da Creative Commons, CC Search, foi abraçado pelo WordPress e agora rebatizado com o nome de Openverse. Toda a biblioteca de mídia do CC Search agora está disponível e será mantida através do Openverse, e também melhorada.

    Além da biblioteca da CC Search (com mais de 600 milhões de imagens), outras fontes de mídia serão agregadas, e o projeto deve também incluir áudios, até o fim de janeiro, e vídeos, provavelmente, num futuro próximo. Para ver o Openverse: https://br.wordpress.org/openverse/

    Block Patterns

    O WordPress agora tem um diretório de padrões de blocos, este diretório ganhou um botão de copiar. Usuários poderão navegar pelo diretório de padrões, copiar e colar em suas instalações todo o tipo de padrão feito e disponibilizado pelos usuários.

    Além disso, você consegue redimensionar os padrões no site e visualizar como eles se comportam em larguras menores. É mais um avanço na consolidação do editor de blocos como um construtor visual mais robusto.

    https://wordpress.org/patterns/

    Traduções

    O número de pacotes de idiomas teve um aumento de 76%, isso significa que o WordPress, plugins e temas do repositório oficial estão sendo mais traduzidos.

    O número de tradutores ativos também aumentou, em 28%.

    Diversidade

    Foi apresentado o número do programa de workshops de diversidade, que estimula grupos sub-representados a contribuir. O programa teve um aumento, mas foi isso.

    Infelizmente minha pergunta não foi feita, mas queria saber o que mais o WordPress, como projeto, poderia fazer pela diversidade, com um olhar também para os não falantes de inglês.

    Learn

    Foram apresentados também os números da plataforma colaborativa de material educativo, que ainda tem pouco conteúdo, pouco localizado, mas que vem crescendo. https://learn.wordpress.org/

    Crescimento do WordPress

    O WordPress continua crescendo, ele aproveitou para dar uma tirada na Wix, mas para mim os números são tristes, os outros dois projetos de software livre que figuravam no top 5 sempre, com leve crescimento ou estabilidade, estão caindo.

    Um gráfico circular com o uso de cada plataforma.

    Segurança

    Matt apresentou também alguns dados de segurança, com chamados abertos, atuação e correções, e ressaltou que segurança é um processo.

    Pontuou também sobre como o WordPress está próximo de parceiros, hospedagens, Cloudflare, entre outros para atuar nestas melhorias.

    Temas de blocos

    Voltando para o editor, apresentou dados de que hoje o repositório possui 28 temas focados em blocos, ou seja, temas que estão adaptados para utilizar a edição total com blocos, incluindo cabeçalho, rodapés, etc.

    E o tema que sairá com a versão 5.9, mês que vem, o Twenty Twenty Two, será mais um dos temas de blocos, usando todos os recursos disponíveis até o momento para isso. Imagino que será um bom tema para se estudar como fazer temas de blocos.

    Widgets, Query Block e outras melhorias

    Ele abordou as mudanças que o editor teve este ano, como a gestão e edição de widgets com a interface do editor de blocos agora, o bloco de query, os filtros nos blocos de imagem.

    Contribuições

    Levantou os números de contribuições das versões 5.7 e 5.8, a 5.9 que sairia este mês foi adiada para o mês que vem, então isso não está fechado. Os números indicam alguma renovação no quadro de contribuidores, mas precisaria uma análise mais detalhada.

    Versão 5.9

    Esse slide da apresentação mostra um pouco do que virá com a próxima versão mês que vem. Edição de logo, drag and drop na list view de blocos, bordas, integração com o diretório de block patterns, enfim, tudo sobre blocos ainda.

    Web3

    Muito se fala em web3, palavra do momento. Matt pontuou que o WordPress hoje já é uma plataforma que promove descentralização e garante ao usuário posse de seus dados.

    Já é livre para uso, hospedar em qualquer servidor, e migrar este conteúdo, que é seu, quando quiser.

    Democratizar a publicação

    Ele segue em uma sequência falando de contribuições, em um aceno para a necessidade de colaboração, e então volta a falar da missão do WordPress em democratizar a publicação, que vêm sendo seguida ao longo dos seus 18 anos.

    Fase 1 do Gutenberg: Edição mais fácil

    Ele então retoma as fases do projeto do novo editor, recapitulando a fase um, já concluída, de tornar a edição de conteúdo mais fácil e flexível, alcançada com o lançamento do Gutenberg.

    Fase 2 do Gutenberg: Personalização

    A segunda fase, a que o projeto se encontra, é de garantir a personalização do site. É onde estamos, com novos blocos, a edição total de sites, melhoria da experiência, e onde o projeto deve continuar ano que vem.

    Fase 3 do Gutenberg: Colaboração

    A terceira fase, em que o projeto deve entrar em 2023, é a colaboração. Ele resumo com “pense no Google Docs”. (Pensando nisso, faz muito sentido a aquisição do PublishPress, que era uma empresa que oferecia ferramentas nessa linha)

    Fase 4 do Gutenberg: Multi-idioma

    A adoção de sistema próprio de internacionalização de conteúdo para dar conta de todo esse novo ecossistema do projeto.

    Fim

    Por fim ele fala do WordCamp Sevilla, que aconteceu há alguns dias, primeiro grande evento presencial em quase 2 anos, anuncia a cidade do próximo WordCamp EUA (San Diego), e abriu perguntas e respostas, de onde poderíamos extrair mais coisas, mas o fio já tá imenso, kkk

  • WordPress, colabora quem quiser?

    Software livres possuem grandes desafios de financiamento, de tempos em tempos este assunto vêm a tona. As formas de arrecadação de fundos e contribuição são diversas, mas podemos resumir em:

    • a) pessoas que colaboram com seus próprios recursos materiais;
    • b) e pessoas que recebem algum apoio, seja ele via iniciativa privada, financiamento coletivo ou organização sem fins lucrativos;

    A manutenção do WordPress

    Como funciona a manutenção e desenvolvimento do WordPress? Atualmente seu desenvolvimento é coordenado pelo seu cocriador, Matt Mullenweg, que é o líder do projeto. Em sequência, na hierarquia dos que atuam no núcleo do WordPress, vêm os core contributors, colaboradores de confiança com maiores permissões no projeto. Porém, para além do código fonte, o WordPress possui diversas frentes de contribuição, como design, comunicação, comunidade e tradução.

    Se pegarmos estatísticas de contribuição de código, nas versões do WordPress, mesmo as mais recentes, veremos que as contribuições partem massivamente dos Estados Unidos e Europa. Ásia e o sul global, no geral, tem poucas e pontuais contribuições. Rodrigo Primo, em sua dissertação de mestrado, fez um trabalho de análise de dados trazendo a tona essa discrepância. (veja mais em: https://rodrigo.utopia.org.br/2017/09/05/defesa-da-minha-dissertacao-de-mestrado/)

    As contribuições como as de comunidade e tradução são um pouco mais descentralizadas, dependem da iniciativa local para acontecerem. A tradução para os diversos idiomas e dialetos se dá de forma remota, com equipes locais de gestores e revisores que coordenam as atividades através da própria plataforma do site (saiba mais em: https://br.wordpress.org/team/handbook/traducao/)

    Quanto aos eventos da comunidade, chamados de meetups e WordCamps, são eventos locais, que visam agrupar os membros de uma determinada cidade ou região que são entusiastas da plataforma e promovê-la a novos membros. Ainda que locais, suas diretrizes de organização e autorização obedecem às normas da WordPress Foundation.

    Os eventos não possuem fins lucrativos, e a WordPress Foundation apoia financeiramente com repasse de patrocínio global, de empresas que optam por patrocinar múltiplos WordCamps de uma determinada região através da fundação. Os organizadores também são livres para cobrar ingresso, dentro de um determinado limite, e arrecadar patrocínio local.

    A comunidade brasileira hoje

    Infelizmente, ano após ano, temos visto o número de contribuições aqui no Brasil caírem, enquanto a adoção do WordPress aumenta (hoje estimasse que a plataforma seja utilizada por mais de 40% da web). Este número de contribuidores já vinha em declínio, mas com a pandemia o processo foi acelerado. As razões são as mais diversas, porém é notável a saída de colaboradores de longa data, que não conseguem mais contribuir com a comunidade no mesmo ritmo ou zeraram suas contribuições, isso tudo somasse à falta de renovação no quadro de colaboradores.

    Em seu site, o WordPress propõe uma iniciativa chamada de 5 for the future (5 pelo futuro) (https://wordpress.org/five-for-the-future/), em que chama empresas para contribuírem com 5% de sua força de trabalho para a manutenção da plataforma. A companhia Automattic, fundada pelo co-criador do WordPress, Matt Mullenweg, que mantém a plataforma WordPress ponto com, possuí o maior número de colaboradores patrocinados, pessoas pagas para atuar em período integral ou parcial no código fonte ou comunidade. Eles não o fazem por altruísmo: o maior produto deles depende e é construído totalmente em cima do software livre, este mesmo que também utilizamos.

    Pouquíssimas empresas nacionais aderem à proposta, seja por desconhecimento, desinteresse, ou mesmo falta de recursos. Não as culpo. Vejamos só, a proposta parece, em um primeiro olhar, interessante, justa, mas quão mais fácil é para Automattic, WPEngine, 10up, Yoast e outras grandes empresas do ecossistema WordPress contribuírem com 5% de sua força de trabalho do que uma pequena ou mesmo média agência?

    Por que seria importante termos uma maior participação brasileira no WordPress?

    1. Ninguém além de nós mesmos se preocupará em fazer a tradução do WordPress para o português brasileiro, esse é o primeiro ponto. Recentemente o novo tema que foi lançado com a versão 5.7 da plataforma, o Twenty Twenty One, ficou sem uma tradução completa por semanas. Quantos usuários brasileiros não fizeram sua primeira instalação da plataforma e se depararam com termos em inglês em seu site? (Imaginem que isso pode vir a ocorrer com o próprio core do WordPress em um futuro próximo, no cenário atual)
    2. O WordPress possui papel importante na democratização da publicação. Portais de mídia independente, blogs, coletivos e organizações sociais, uma diversidade de grupos e indivíduos hoje se beneficiam de uma plataforma livre de royalties para se comunicar e expressar. A participação plural na construção de um software com essa função é essencial para a manutenção de seu propósito: democratização da publicação.
    3. Há um mercado nacional interessado na plataforma: agências, freelancers, provedores de hospedagens e mesmo grandes empresas de tecnologia que o utilizam em projetos internos e institucionais; uma série de profissionais têm atuado com a plataforma. Em um mundo em que há a convergência para a centralização de plataformas, marketplaces, fortalecer um software que permite a fácil implantação, livre de royalties, de uma loja virtual, por exemplo, é de total interesse para um mercado mais competitivo e menos centralizado.
    4. Para além das traduções e comunidade, uma participação mais diversa, ressaltando que, não somente em recortes geográficos, como demográficos, é de suma importância para que a essência da democratização da publicação na web seja observada no projeto. É preciso buscar uma maior participação brasileira, mas é preciso observar recortes de gênero, raça, orientação sexual dentre outros, sub-representados no projeto.
    5. O WordPress tem uma estrutura organizacional com o seu cocriador sendo referenciado por vezes como um “Ditador Benevolente” (na verdade muitos projetos open source seguem tal modelo). Porquê contribuir com um software construído nesta estrutura? Muitos têm apontado a necessidade de mudanças nessa organização, mas o fato é que é preciso mais vozes para promover esta mudança. o WordPress está aí, em mais de 40% da web, há 18 anos. Construir algo totalmente novo não é fácil, exigiria esforço, tempo e muito, muito dinheiro.

    Como colaborar?

    Há diversas formas de colaboração e a comunidade possui uma razoável organização de como estas colaborações podem ser feitas (veja: https://br.wordpress.org/2019/07/03/venha-participar-da-comunidade-do-wordpress-brasil-no-slack/), mas o fato é: precisamos de contribuições patrocinadas.

    Fora das contribuições patrocinadas, toda ação estará vinculada ao discurso meritocrático e será insustentável a longo prazo.

    Este texto é muito mais um convite à reflexão sobre como essa ferramenta de trabalho, minha e de tantos outros, se estrutura e se sustenta hoje, do que um chamamento à contribuição. Mesmo a contribuição patrocinada pode incorrer em problemas, mas fora dela estamos pior.

    Se você possui uma empresa, ou faz parte da liderança de uma que utiliza o WordPress de alguma forma, e possui condições materiais para tal, considere patrocinar uma pessoa contribuidora, uma funcionária de sua equipe que atuará parcial ou integralmente na plataforma.

    Se você, indivíduo, possui condições materiais para tal, e tem esse desejo, contribua.

    Mas é preciso entender que a estrutura precisa mudar. Ter seu código aberto, processos de contribuição, colocar em discurso que todos podem contribuir não é suficiente.

  • Extensões que utilizo no Firefox

    Estou inaugurando o meu blog (já tentei ter um, tempos atrás) com esta publicação. Vou compartilhar coisas profissionais como este texto? Sim. Mas creio que não somente.

    Hoje venho compartilhar algumas extensões que utilizo no Firefox para ajudar no meu trabalho.

    FakeFiller

    Preenche automaticamente formulários de contato com dados falsos. Você não tem muito controle sobre os dados, mas ele identifica o tipo de campo, quais dados são esperados, e com isso passa pela maioria das validações.

    OpenLorem

    Após cansar de jogar “Lorem” nas buscas instalei esta extensão, que gera texto de marcação, para usar em campos, layouts, etc.

    WhatFont

    Essa extensão permite identificar qual fonte está sendo usada em qualquer texto da página. Sim, poderíamos abrir o inspetor, investigar o CSS, mas com ela economizamos algum tempo, e claro, para quem não tem familiaridade com CSS, essa tarefa fica mais simples.

    Lighthouse

    Quem não usa Chrome não precisa ficar sem as análises de performance do Lighthouse com fácil acesso, instalando essa extensão pode analisar qualquer site com um clique.

    Wappalyzer

    Identifica as tecnologias em uso do site acessado. Olha, devem pegar dados pra caramba, mas é isso, as vezes preciso entender o que tá em uso em determinados sites de leads/clientes e é uma mão na roda.

    Raindrop

    Essa extensão é de um serviço de gerenciamento de favoritos (bookmarks). Usei ela para não ficar preso a navegadores, mas o hoje a última coisa que quero é voltar pro Chrome (usem Firefox, gostoso demais)

    Tampermonkey

    Um amigo me apresentou essa extensão aqui, você consegue criar snippets (pequenos trechos de código) que podem ser executados continuamente ou como ações a serem disparadas. É uma parada mais avançada, mas para automatizar algumas coisas é legal. Eu na verdade só instalei por enquanto, mas tô com várias ideias de pequenos scripts para fazer.

    Firefox Multi-account Containers

    Essa é uma extensão oficial do Firefox, permite que você crie containers e associe suas abas a eles. Uso para separar as abas por projetos, ou atividades, ou entre pessoal/profissional. Me ajuda a focar, principalmente quando tenho que alternar entre atividades rapidamente.


    E você, quais extensões utiliza? Compartilhe nos comentários.